terça-feira, 17 de maio de 2016

ouvidos

queria que minha mente
soubesse escrever
transpor ao papel tudo o que eu quero dizer
puro, sem lapidações
o bruto na sua forma mais delicada
que nenhum pedaço de ideia
caísse pelo caminho
se desmanchasse ao longo das células
a primeira impressão
queria que minha mente
soubesse dizer
o que as palavras
incapacitadas
não são capazes de falar

pregações

cão que ladra, pede socorro

tarde vazia

oco
sem sentidos
correndo atrás do próprio rabo
tolo
inútil e amargurado
parado entre correntezas
sua natureza é imperfeita
a natureza é perfeita
curva-se aos ventos
as palavras
deitam-se no corpo
na matéria
oca
sentida
solitário na multidão
procurando um só coração
pulsa forte
numa folha em branco

Alzheimer

"Memórias, não são só memórias
São fantasmas que me sopram aos ouvidos
Coisas que eu nem quero saber"